De repente em meio a todo aquele prazer, meu corpo foi ficando quente e cada vez mais quente. Um calor insuportável. Eu pensei: "eu sou uma máquina". Já fazia quatro dias, eu estava em meio a maior orgia da minha vida, depois de conseguir a maior venda de imóveis de todos os tempos, eu tinha cheirado tanto e fumado tanto... Eu estava diante das mulheres mais sensuais e gostosas que eu já havia conhecido em toda a minha vida. Foi então, no meio de toda essa devassidão que eu senti uma forte dor no meu peito, um calor absurdo e um formigamento em todo o meu corpo. A última coisa que eu vi? As mulheres correndo e alguém chamando a ambulância.
Que falta de ar...que dor no coração...Será que estou enfartando? Logo, agora? Tá ficando tudo escuro e frio! Chamem uma ambulân...cia. Hã? A dor passou. Mas onde eu estou? Está tão frio aqui. E por que eu não consigo ver nada? Meninas! Onde estão?
Eu ouvi passos, então chamei por alguém. Mas ninguém respondeu. Eu tentei caminhar, mas percebi que não conseguia distinguir os movimentos que fazia. Comecei a gritar. Mais alto, mais alto, foi quando senti que os passos vinham na minha direção, mas eram passos pesados, passos que pareciam ser de um animal. Ouvi junto dos passos um grunhido ensurdecedor e o som de metais que se chocavam, não como barras, eram como de correntes. Me desesperei e tentei correr,mas não sentia nada, a minha voz sumiu e embora estivesse apavorado, não sentia o meu coração bater. O grunhido aumentava cada vez mais e se misturava ao sons de gargalhadas, risos, só que não pareciam ser de alegria, não, definitivamente não eram de alegria. Eram gargalhadas cruéis e eu distinguia algumas vozes. Comecei a chorar, no entanto, não saiam lágrimas, era só desespero e tristeza. Foi então que pensei na hipótese de estar morto.
Até então eu não sentira nada, mas quando os passos me alcançaram eu senti o meu corpo sendo perfurado, como que por vergalhões. Milhares e ao mesmo tempo. Eu nunca gritei tão alto em toda a minha vida. Era mais dor do que um ser humano poderia suportar. Perfurando meu rosto, entrando nos meus ouvidos, nos pulmões, no anús, na língua... Não conseguia pensar em mais nada, só na dor e no sentimento de tristeza tão brutal quanto a mesma. Não conseguia falar, já não me lembrava de como havia chegado naquela situação. Só dor.
"Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrggh!!!" O único som que eu conseguia exprimir. Mas, de repente eu consegui pronunciar algo.
"Meu...D-EUS....aaaaaaaaaarrrgh....socor...aaaaarrrgh!"
A criatura gritava cada vez mais enfurecida. E eu me sentia como que morrendo mil vezes.
Ela parou, a dor também. E o desespero começou a diminuir. Na verdade comecei a sentir uma estranha calma.
"Você me chamou?" ouvi uma voz que perguntava. Quando me virei para ver quem era, sim por algum motivo eu sentia meu corpo, vi um clarão tão ofuscante e indaguei: "Deus?!" Em meio ao clarão ouvi um suspiro profundo.
"Sabe, eu estou tão surpresso quanto você, pois você nunca foi muito de me procurar. Na verdade, foi sim. Mas de uns tempos pra cá você resolveu não acreditar mais em mim. O que houve? O que ocasionou essa súbita mudança? Virou religioso?" disse o Todo Poderoso. E continuou: " Já sei? Foi a dor, não foi? A essa altura do camponato você deve estar se perguntando o que aconteceu, não é? Vamos lá, sei que você é esperto!"
" Você não é Deus! Não pode ser!" rebati.
" Por que? Só porque eu sou sarcástico, e te encho de perguntas ao invés de dar a resposta? Eu Sou, o que Sou. E, aliás, pensei que você gostasse de sarcasmo, afinal, você cansou de ser sarcástico, grosseiro, estúpido e malandro durante a sua vida. Ou você já esqueceu quem é você?" perguntou O Eterno.
"Eu...eu...ninguém pode ser assim tão cruel!" insisti.
" Ah! Mas você era." disse Ele. Foi então que me lembrei de toda a minha vida, em uma fração mínima de segundos. Eu de cabeça baixa e envergonhado tentei argumentar. " Mas Deus não é amor?".
"Bravo! Quer dizer que você sabe formular frases feitas. Que tal essa? Minha educação depende da sua." e continuou "Você se acha no direito de perguntar alguma coisa? Quem é você?" perguntou Deus.
" Esse é o meu julgamento?" perguntei.
" Por que?" indagou o Soberano. "Bem, se isso for um julgamento eu não deveria ter direito a um advogado, ou pelo menos a uma defesa própria e um júri." tentei argumentar.
" Pra quê? Para você tentar comprar o júri, o promotor e o juiz? Não, o seu julgamento não será agora. Além disso, você foi presso em flagrante." respondeu. " Flagrante de quê?" perguntei, antes de ser tomado por um constrangimento absurdo. Houve um silêncio que deve ter durado uns dez minutos. " Está bem. Farei as coisas da sua maneira, embora isso nunca tenha lhe ajudado muito" disse o Grande Rei.
CONTINUA...
Esse texto é fictício, bem como seus personagens(exceto Deus, O ETERNO), não contendo portanto nenhum relato verídico ou com cem por cento de embasamento nos fundamentos das sagradas escrituras, serve apenas para ilustrar uma situação determinada. Qualquer semelhança com personagens, lugares ou situações é mera coincidência.
Jonnathan Andrade
Jesus Salva!
(Mesmo que você não acredite, ou não queira a ser salvo)